quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Cemitérios, ecografias e outras coisas mais...

E lá fui eu fazer a ecografia. Desconfio que se estivesse grávida, ainda tinha tido a criança antes de fazer o exame... Não se percebe como é que é possível manter um serviço tão desorganizado, mas enfim.
 
Sabem que hoje, pelo menos nas cidades mais pequeninas, é o dia de "ir ao cemitério". Quando saí de manhã, eram mais as pessoas que levavam grandes arranjos de flores nos braços do que aquelas que não o faziam e então lembrei-me porquê. Desconfio que chega a existir uma certa rivalidade para averiguar quem tem a campa mais bonita (não entre os mortos, claro, que esses tanto lhes faz terem flores como não terem).
 
Eu pessoalmente, acho que no geral, hoje é o dia do cinismo. Todos vão a correr visitar os seus entes queridos, todos choramingam um bocadinho, todos se recordam com saudade do falecido... incluindo aqueles que nunca quiseram saber da pessoa quando ainda estava viva. E esses, contribuem para o infeliz teatro carpideiro que se vê hoje.
 
 
Enquanto aguardava a minha vez, um senhor, já de alguma idade, também atento a esse cortejo florido, disse-me:
 
Sabe menina, as melhores flores dão-se em vida.
 
 
 
Nem mais.
 
 
 
 
Inté*

Tabus ecográficos...

Hoje vou fazer uma ecografia.
 
E agora ficam vocês a pensar:
 
Mau... ui, ui... uma ecografia?! Huummm... (nariz torcido).
 
Sim, eu sei que vocês, leitores sábios e atentos ao mundo que vos rodeia sabem que a ecografia não é um exame exclusivo de pessoas grávidas. Mas, existem certas coisas que, num meio pequeno como aquele em que eu moro, não podem ser ditas de ânimo leve! E entre elas está dizer que se vai fazer uma ecografia, sobretudo quando se trata de uma rapariga jovem e universitária, que mal pára em casa, como eu.
 
 
 
 
 
Inté*

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Teorias...

Buona sera a tutti!

(tenho de começar a pôr em prática as minhas aulas de italiano e vocês vão ser as minhas cobaias!...)

Só vos digo uma coisa: quanto mais tempo tenho livre, menos vontade tenho de estudar e mais lentamente o faço.

Não sei se já repararam que também nos serviços públicos sucede a mesma coisa - quanto menor a fila, menor a rapidez do atendimento.

Um professor meu explicava este fenómeno com uma teoria sobre garrafões de água. Dizia ele que, se experimentarmos despejar um garrafão de 5 litros, os primeiros 3 litros saem mais rápido do que os últimos dois por causa da pressão que vai sendo cada vez menor à medida que se vai despejando a água.

Parece que eu e os garrafões temos algo em comum...



Inté*

Mensagens subliminares

Eu adoro ler. E adoro quando o escritor se expressa mais nas entrelinhas do que naquilo que escreve literalmente. Mas acontece-me muitas vezes, sobretudo em textos poéticos, gostar daquilo que leio mesmo sem perceber onde o autor quer chegar. Então, questiono-me se o intelecto será realmente necessário para este género de Literatura...
 
Lembro-me que, quando nas aulas de Português estudávamos algum texto, a professora encontrava mensagens subliminares em tudo quanto era frase. E também me lembro de pensar o quão estúpido aquilo era e não conseguia evitar na minha cabeça a imagem do autor do texto, deitado no seu caixão, juntamente com as minhoquinhas, a rebolar-se de riso com tanta interpretação forçada...
 
É verdade que, à excepção da ideia base subjacente em qualquer redacção, cada um interpreta o que lê como quer. Nunca poderemos saber exactamente qual era a ideia do escritor quando escreveu certa frase (se realmente tivesse tido alguma ideia especial...) por isso, tentar impingir aos outros significados para tudo parece-me incorrecto.
 
Nem tudo tem de ter um significado... ou tem?
 
 
 
 
Inté*

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Que se lixe o título...

Eu percebo que as pessoas gostem de passar um bocado comigo porque, estando ao pé de mim, é garantido que as figuras mais tristes não vão ser as delas...





Inté*

Será???

Quando agora vejo os dias tão pequeninos, resumidos a meras dez horas de Sol, não acredito plenamente que existem alturas em que é de dia até às nove da noite.
 
Custa-me crer que em certas alturas do ano consigo dormir só com um lençol e que há até noites em que posso sair de casa de t-shirt. Então, quando regressam os dias grandes e o verde da Primavera, surpreendo-me sempre como se fosse a primeira vez de algo totalmente inesperado.
 
Talvez o segredo do dislumbre esteja mesmo nesta perda momentânea de fé... Será?
 
 
 
 
Inté*

domingo, 28 de outubro de 2012

Filosofias de um caroço...

A avó esteve a fazer geleia de marmelo.
 
Para quem não sabe, a geleia é feita a partir da fervura dos caroços dos marmelos. É por isso que eu acredito que todas as coisas, mesmo as aparentemente inúteis e desagradáveis, bem espremidas, têm sempre algo de bom.
 
 
 
 
Inté*

Som Bom

É Domingo, eu sei, e a malta não está com paciência para grandes reflexões. Mas não sei se é das hormonas ou o raio, eu ando a pensar muito...


Eu acho que a maioria das pessoas é muito visual. Quem não é cego, claro. Mesmo dizendo isto, também me considero muito unida ao meu sentido da visão. A maior parte do meu dia é regida pelo que vejo e não pelo que ouço, toco, saboreio ou cheiro.
 
Mas os sons são um mundo infinito. O outro dia, estava sentada a estudar quando dei conta da água a ferver na cafeteira eléctrica. O som que produzia era semelhante a uma trovoada intensa, daquelas em que a água cai em cortina sem parar, até fazer fumegar o chão. Mas também lembrava o som do metro a correr nos túneis com aquele "vum...vum"... mas sem o "tactac" que de vez em quando se ouve. Depois começou a borbulhar. E então lembrei-me de quando fazia aquelas bolinhas com uma palinha nos copos com sumo...
 
 
É impressionante a quantidade de coisas que cabe numa cafeteira...
 
 
 
Inté*

sábado, 27 de outubro de 2012

Manhê

A minha Mãe tem mãos de mãe. Eu sei que a reconheceria em qualquer lugar só pelas mãos. Ela diz que tem mãos papudinhas, mas é mentira. Tem os dedos gordinhos, perfeitos para dar miminhos e fortes o suficiente para nos segurar quando somos mais pequenos e desatamos a correr desalmadamente. Talvez seja por isso que, a primeira coisa em que reparo quando vejo alguém, sejam as mãos. O que nos distingue dos outros animais são as mãos, sobretudo a articulação do polegar, por isso não devemos remetê-las a um papel secundário.
 
As minhas mãos já não são como as da minha Mãe. São muito grandes e tenho os dedos fininhos. Já não são mãos de Mãe... são mãos de laboratório ou de pianista, como se costuma dizer. Talvez, um sinal dos tempos, quem sabe. Agora, parece que cada vez mais se vai perdendo o sentido maternal das coisas...
 
 
 
 
 
 
 
Inté*

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Um cão e um soutien + esquema

O meu cão chegou agora aqui com um soutien enfiado pela cabeça abaixo... não era dos soutiens mais bonitos, o que me faz pensar que, para além de ser um leviano, é um cão sem padrões muito elevados.
 



 
 
 
Inté*

Não me deste um beijinho...

Esta semana estive no Centro de Saúde. A maioria dos utentes são velhinhos e hipocondríacos, mas a manhã de quinta-feira é reservada aos mais pequeninos.
 
Quando nessa manhã cheguei ao consultório o médico ainda não estava. Contudo, já uma pequena flor corria pelos corredores aos saltinhos. Não devia ter um metro. Do alto dos seus quatro aninhos, olhava-me com aqueles olhinhos de curiosidade, de quem quer fazer uma série de perguntas. Meti-me com ela:
 
 
- Tens uma camisola toda gira!
- Não é uma camisola... é um vestido. E já viste o meu cabelo?
 
 
E lá rodopiou umas três vezes para que eu pudesse ver bem a indumentária e o penteado. Enquanto falava com ela,  lembrou-se que podíamos brincar às escondidas... e lá fui eu contar contra uma parede e esconder-me no consultório segundo as suas instruções.
 
 
- Escondes-te onde eu me escondi, está bem?
 
 
Quando se lembrou que podíamos brincar às apanhadas é que foi pior... Então, sugeri-lhe que fizéssemos um desenho. Enquanto desenhávamos com a minha lapiseira (foi uma grande desilusão para ela eu não ter lápis de cor) eu disse-lhe:
 
 
- É uma chatice estar à espera do Sr. Doutor, não é?
- Sim... sabes, eu gosto muito dele! E hoje tu vais para minha casa!...
 
 
E a certa altura, sem tirar os olhos dos grandes riscos que estava a fazer, disse-me assim:
 
 
- Tu não me deste um beijinho nem um "abaço"...
 
 
Derreti-me toda! Nunca me passaria pela cabeça abraçar os meninos que vêm à consulta... mas ela estava à espera que eu o fizesse. E provavelmente, já estaria à espera do abraço há muito tempo sem eu o saber...
 
 
 
 
 
Os mais pequeninos têm um raciocínio muito especial. Os grandes é que complicam tudo.
 
 
 
 
Inté*


terça-feira, 16 de outubro de 2012

LATADA!!! É a loucura!

Um post por semana... até que enfim isto começa a parecer o blogue de uma estudante de Medicina do 5º ano!
 
Ora bem, mas o que me traz aqui hoje, é que amanhã é dia de Latada. Dia de berrar até ficar sem voz e vingar o 4º lugar que obtivémos no ano passado. No meu ano de caloira, ganhámos o Baptismo e a Latada! Se não me engano, fomos os primeiros do nosso curso a fazer a dobradinha!
 
A maioria das pessoas vê a Latada como um dia em que os estudantes universitários bebem até cair e gritam que nem uns loucos. Mas só quem está por dentro do assunto é que percebe a alegria que é podermos mostrar o amor ao nosso curso e o orgulho que temos em sermos estudantes!
 
Esta é a minha penúltima latada. Para o ano é que vai ser chorar baba e ranho...
 
 
 
2008- a Estudante é caloira de Medicina! Íamos tão bonitinhos!
 
 
 
 
Inté*
 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Post da hora do lusco-fusco

Vocês nem imaginam o silêncio que é a minha faculdade a esta hora. Como estamos num polo afastado daquilo que é realmente conhecido como "Universidade", praticamente somos apenas os alunos de Medicina que usamos estas intalações. Mas hoje não está aqui ninguém. Só se ouvem os carros e pouco mais.

Quando entrei em 2008 (Deus, já foi há tanto tempo!), achei a faculdade enorme e pensei que nunca me iria conseguir orientar aqui dentro. Mas agora, com turmas cada vez mais numerosas, este espaço está cada vez mais pequenino (o que vai contra a ausência de alminhas que eu ainda há pouco vos descrevi). E isso tem os seus inconvenientes, tal como filas enormes na cantina... há inconvenientes muito mais graves, como devem calcular, mas não me apetece falar disso.

Das coisas que mais lamento, é de não termos mais contacto com os outros cursos. Quer queiramos quer não, cada curso acaba por englobar pessoas diferentes, e conhecer outros pontos de vista e falar sobre outros temas que não fígados e pulmões também era bom...



Inté*

A pulga é um artrópode?

O Homem descobriu os antibióticos. O Homem já foi à Lua (há quem diga que não). O Homem constrói edifícios de toneladas de ferro e betão. O Homem consegue desviar o curso dos rios e fazer recuar o mar... e ainda assim, julgando-se portador de um estatuto de quase-deus, permanece tão vulnerável a uma entidade tão antiga e com a qual convive há tanto tempo: o amor.
Somos completamente indefesos a esta pequena pulga. A pequena pulga é capaz de deitar a baixo as nossas defesas mais resistentes, é capaz de tornar a mais sisuda das pessoas na mais alegre de todas. Ninguém me convence de que o amor não é uma espécie de patologia que nos altera os mediadores químicos cerebrais. Lá que induz respostas muito estranhas, lá isso induz!
Reparem bem que, à custa do amor, o Homem já voa há muitos anos, e já andou muitas vezes na Lua mesmo antes de ter inventado os foguetões e essa maquinaria assombrosa. Esta pulga não é de confiança... mas, ainda assim, ninguém quer matar a pulga.




Inté*

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Novo vício: canabis (brincadeirinha!)

Eu sou uma pessoa que não tem vícios, pelo menos não dos mais "tradicionais", se assim podemos dizer. Dizem que quem não tem dinheiro não tem vícios, pode ser que a justificação ande por aí...
 
Não fumo, não bebo e também não sou fã de café. As horas de estudo, os seminários, etc, são enfrentados à custa de muita força de vontade. Mas, quem me lê há algum tempo, sabe que sou muito amiga de pipocas e mostarda (individualmente, obviamente). E desde há algum tempo, não passo um dia sem comer.. tchan, tchan! Manteiga de amendoim! Barradinha no pão é qualquer coisa de divino! E se fôr em pão doce ainda melhor. Ainda por cima, a manteiga de amendoim é rica em proteínas e não tem colesterol... já experimentaram?
 
 
 
 
Inté*
 
 
PS: comemoremos o facto de este ter sido o primeiro post em que utilizo dois advérbios seguidos e tenho de admitir que soa horrivelmente...

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Pizza e mozzarella

Inscrevi-me num curso de italiano. Sempre foi um desejo meu aprender esta língua. Um dia destes, começo a escrever-vos em italiano, que acham?...
 
As aulas começam já no dia 22 e acho que há-de haver muitos dias em que vou questionar o porquê de me ter metido nesta alhada, sobretudo tendo em conta que as aulas são das 19h às 21h... mas no final, vai compensar, eu sei!
 
 
 
 
Inté*

sábado, 6 de outubro de 2012

Uma aulinha de Anatomia

A cadeira de Anatomia é uma das piores cadeiras do nosso curso. Lembro-me perfeitamente de estar a estudar o texto descritivo de trajectos de artérias, etc, e nunca encontrar imagens onde fosse claro aquilo que estava escrito. Era um desespero!... Claro que existem muitas formas de estudar Anatomia, nomeadamente o estudo em seres humanos (mortos ou não) e nem todas têm fama de ser assim tão aborrecidas.
 
 
E tudo isto porque encontrei um poema que pode contribuir para um estudo mais ligeiro:
 
 
 
Quer seja curto ou comprido
Seja fino ou muito grosso
É um orgão muito querido
Por não ter espinhas nem osso.

De incalculável valor
De um só orgão, nada mais
Desempenha no amor
Um dos papéis principais.

Quando uma dama aparece
Ei-lo a pular com ardor
Se é rapaz novo estremece
Se é velho não tem vigor.

 
O seu nome não é feio
Tem sete letrinhas só
Tem um "r" e um "a" no meio
Começa em "c" e acaba em "o".

Nunca se encontra sózinho
Vive sempre acompanhado
Por uns outros orgãozinhos
Junto de si lado a lado.

O nome desses porém
Não oferece confusões
Tem sete letras também
Tem um "l" e acaba em "ões".
 
Não pensem ser culpa minha
E para evitar confusões
Os orgãos de que falei
São o "Coração" e os "Pulmões".
 
 
 
Inté*

PS: espero que tenham aproveitado o feriado de ontem como se fosse o último!...
 
 
 
 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Tens o Mundo ao contrário...



Nem uma bandeira põem direita, quanto mais um país...



Inté*

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Cada um por si...

Ontem, alguém me disse que, nos tempos que decorrem, não há outra solução se não cada um de zelar por si e aderir à modalidade do "salve-se quem puder". Dizia isto como fazendo uma referência a uma nova atitude, algo que constituía um imperativo para nos safarmos dos desafios e dificuldades que nos esperam.
 
Mas não é isto que temos feito toda a vida? Tentar ao máximo desenrascarmo-nos e os outros que se danem? Não vejo que esta forma de estar na vida traga algo de novo ao que já vivemos antes...
 
O mais provável é que seja esta atitude uma das  responsáveis pelo que vivenciamos agora. Parece-me que já vai sendo tempo de adoptar comportamentos realmente inovadores...
 
 
 
 
Inté*

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Meter o nariz onde não é chamado...

Ora bem, o estágio de Otorrino já se foi. Entre outras coisas, descobri que as nossas fossas nasais são praticamente um poço sem fundo. Se vocês vissem o que pode caber lá dentro! As nossas narinas, tão pequeninas, subestimam a capacidade hospedeira do nosso nariz, o que é uma pena...
 
Quanto aos caloiros, mal os vejo e quando os vejo, eles lá vão na sua vidinha, totalmente descontraídos, como se nada fosse. Caramba, um caloiro não anda pela faculdade de cabeça levantada! Caloiro que se preze borra-se todo quando ouve os nossos passos no corredor!... Das duas uma, ou o pessoal já não sabe praxar e impôr respeito, ou esta gente mais nova é demasiado prepotente.
 
Quando eu era caloira, só estava descansada durante as aulas. Todos os minutos que tínhamos de descanso eram aproveitados pelos Doutores para nos torturarem um bocadinho. Enfim, tudo muda.




Inté*