sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

De morrer a rir...

Não sei se já vos aconteceu rirem-se com situações mórbidas... isto é, funerais e afins. Eu não tenho muita experiência em funerais (bate na madeira!) - acho que em 24 anos de existência fui a três - mas a menção da morte provoca-me, ocasionalmente alguns ataques de riso. Estúpido, eu sei. E desengane-se quem por acaso interpretar esta minha atitude como uma postura presunçosa de quem duvida da sua finitude, o que não é de todo verdade.
 
Lembro-me de um dia um amigo meu me dar a notícia de um rapaz que se tinha suicidado e eu mal conseguir conter uma gargalhada. Eu quero acreditar que foi um riso nervoso, porque não me dá qualquer alegria ter notícias de suicídios... Ainda assim, disfarcei bastante mal e acredito que a minha tentativa de ocultar um sorriso com um "caramba, que horror!", imprimiu em mim uma expressão de AVC agudo, comigo a forçar todos os músculos periorais a descerem para o seu devido lugar. Deprimente... eu e o suicídio.
 
Mas o auge foi sem dúvida o episódio que vos conto já de seguida e que aconteceu há anos atrás, quando eu estava no primeiro ano da escola primária. A nossa professora era fervorosamente religiosa e durante uma aula resolveu convencer-nos que devíamos passar na Igreja antes de irmos para a escola.
 
Pois bem, Estudante acorda no dia seguinte com a resolução de ir à Igreja de manhã antes de começar a aula. Fez-se então acompanhar pela sua mana e por outra colega que, a bem dizer, já não faço ideia quem seja... E adivinhem: nesse dia havia um velório e o caixão com o falecido estava junto ao altar. E nós bem tentámos sentar-nos sossegadas a rezar um Pai Nosso, mas a vontade de rir era tanta que tivemos de sair. Foi lindo.. de um lado as carpideiras e de outro... Enfim.
 
Mesmo assim, fiquei com a ideia de que o falecido não ficou ofendido... pelo menos não disse nada.
 
 
 
Inté*

10 comentários:

Hibiscus disse...

Quando recebo notícias de que alguém faleceu, infelizmente sorriu sempre. Não são gargalhadas mas sim sorrir. Não sei se é por não saber como reagir, ou se é por ficar nervosa, só sei que sorriu. Estúpido não é ?

Jedi Master Atomic disse...

"Mesmo assim, fiquei com a ideia de que o falecido não ficou ofendido... pelo menos não disse nada."

Claro que não porque ele sempre foi ensinado que não se fala de boca cheia :P

Tomates e Grelos disse...

Agora imagina que o defunto se tinha levantado e mandar-vos calar :D

Estudante disse...

Hibiscus: pronto, não sou só eu :P é estranho...

Jedi Master Atomic: ahah xD

Tomates e Grelos: desconfio que se ele fizesse isso passava-me logo a vontade me rir... :P

Anónimo disse...

Eu tenho pavor de um dia me acontecer uma desgraça num funeral, ou num velório. Não tem conta as vezes que tive de abandonar a sala, porque começo a ver as figuras de pessoas que nunca ligaram ao falecido antes deste falecer e depois desfazem-se num pranto tão sentido, que até parecem parentes próximos.
Por acaso já me aconteceu, no velório do meu sogro. Não foi exatamente na sala, mas foi à porta. Estávamos a contar anedotas e eu entrei naquele riso descontrolado, com o diafragma a impor-se a todas as regras de boas maneiras. A sorte é que tinha o carro à porta e meti-me lá dentro, todo esticado para ninguém me ver. :)

Estudante disse...

JS: ahah :P não consegui evitar rir-me dessa tua história! E tens razão... a hipocrisia e cinismo durante funerais pode ser revoltante.

Unknown disse...

Eu em 23 anos fui a..três acho. Não entendo lá muito bem porque o morto antes de morrer era só defeitos depois já se perdoa tudo não vá ele vir do paraíso apertar lhes o pescoço..

Estudante disse...

Marcia Leonor: ahah :P a morte tem esse efeito... leva tudo com ela, sobretudo os defeitos.

Classe Cappuccino disse...

Já eu não consigo evitar uma lágrimazita...



tarasemanias.pt

Estudante disse...

Sónia TM: acho a lágrima muito mais apropriada!... :)