segunda-feira, 31 de agosto de 2015

E lá se foi Cirurgia...

Hoje foi o último dia da minha passagem pelo Serviço de Cirurgia. Dois mesinhos passados sob a "ordem do bisturi". Foi uma surpresa agradável, na verdade. Cirurgia e eu nunca fomos melhores amigas, mas parece que, finalmente, estabelecemos uma relação um pouquinho mais amistosa.

Cirurgia é, certamente, um serviço muito peculiar:
- aprendemos a falar de todo o tipo de gosmas e fluidos corporais mesmo às refeições, e sem vomitar;
- aprendemos a ficar de pé no Bloco Operatório durante várias horas e à base de sumos e bolachas-maria;
- aprendemos a torcer para que apareça alguém na urgência com uma feridinha para suturar;
- aprendemos a palpar barrigas e a perguntar a toda a gente se já "fez cocó";
- aprendemos a trocar de roupa em 30 segundos.

E é assim.

E uma das maiores alegrias que levo deste estágio é o meu pequeno histórico de suturas: um pescoço, uma testa, um abdómen e uma perna. YEAAAAH! 

Agora, venha de lá Medicina Interna ;)



Inté*

domingo, 30 de agosto de 2015

Refugiados

Nas últimas semanas temos sido frequentemente alertados, através dos media e redes sociais, para o número quase inacreditável de pessoas que têm tentado chegar à Europa, na esperança de escaparem aos conflitos que se vivem nos seus países. Muitas delas, infelizmente, acabam por morrer sem alcançarem o seu objectivo...

Numa tentativa de minorar esta situação tão infeliz, decidiu-se que os países Europeus deveriam acolher um certo número de refugiados, sendo que Portugal deverá acolher 1500 refugiados num período de dois anos.

Apesar do número irrisório, "tendo em conta que todos os dias chegam cerca de 2500 pessoas só à Grécia", muitos se têm insurgido contra esta decisão, numa manifestação que pessoalmente, classifico de egoísta e xenófoba. É certo que não somos um país rico, no sentido economicista da palavra, e que muitos portugueses têm passado por numerosas dificuldades. Mas estamos a falar de seres humanos que não têm rigorosamente nada e que, mesmo sabendo que a viagem clandestina lhes pode roubar a vida, tentam desesperadamente chegar a território europeu. Somos mesmo capazes de fechar as portas a estas pessoas, como se fossem seres inferiores e forasteiros?... Que cinismo é este? Todos os dias vemos como as pessoas defendem a paz no Mundo e o carinho e respeito pelos outros; talvez seja hora de começar a colocar todos esses ideais em prática!

Apesar de perceber que o conceito de "fronteira" seja necessário à organização do Mundo tal qual o conhecemos, assusta-me que todas as fronteiras que criámos funcionem mais como muros do que como portas e passagens... falamos dos refugiados como se eles não pertencessem aqui, como se circulassem fora de mão. Mas o Mundo é de todos, ou não? Pergunto-me que direito temos nós de vedar ou dificultar a entrada de seres humanos que viram o seu país implodir às mãos de políticas ocidentais...

Penso que a melhor forma de encararmos este problema tão grave e tão vergonhoso tendo em conta o século em que vivemos, é considerarmos ter à nossa frente uma oportunidade de realmente contribuirmos para um Mundo melhor e de repensarmos algumas das nossas políticas.

Não somos um país com grande capacidade económica, é verdade. Mas podemos ser ricos em valores e Humanidade; já o demonstrámos várias vezes. Podemos demonstrá-lo novamente.

Mais informações aqui.


Inté*